quinta-feira, 18 de outubro de 2007
domingo, 14 de outubro de 2007
Livros de cabeceira da Maga
Querida Gata Pingada, por quem sois!
Cá vai a foto e uma pequena explicação.A minha mesa de cabeceira é pequena e pouco fotogénica. Tem um monstro de despertador e as fotos dos amores da minha vida: a filha e o príncipe encantado. Na verdade, é na mesa do pequeno almoço (daquelas do ikea com rodinhas, que deslizam por cima da cama) que habitualmente deposito os livros que estou a ler. Ou seja, o que acabei de ler, os que tenho que devolver aos respectivos donos, e, se estiver em mês sim, o que vou ler a seguir. Desde que li "O Primeiro Homem de Roma" da Colleen McCullough (os seis), fiquei com uma apetência enorme pelas histórias da velha Roma no tempo da república. Leio tudo! A última descoberta foi o Steven Saylor, com a série "Roma Sub-Rosa" e estou rendida. Na foto vês em primeiro plano o título que estou a acabar de ler e uma pontinha do próximo.Um grande ronrom para ti!
sábado, 13 de outubro de 2007
Um bloguista a descobrir- Hollygang
Um sentido de humor brilhante face a (mais uma!) corrente realmente idiota.
Carregai aqui, por favor!
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
Quadra popolari # 4
"De olhos vermelhos
De pêlo pretinho
Dá saltos bem altos
Ele é um coelhinho
Dá pulos para a frente
Dá pulos para trás
Ele dá cambalhotas
De tudo ele é capaz"
De pêlo pretinho
Dá saltos bem altos
Ele é um coelhinho
Dá pulos para a frente
Dá pulos para trás
Ele dá cambalhotas
De tudo ele é capaz"
(Dedicado ao Black Russian ;))
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Livros de cabeceira do Afgane
Diz o Afgane:
"Cara gata pingada, Peço desculpa pela demora mas isto não está fácil. Só hoje arranjei tempo para escrever um novo post e tirar a foto que me foi pedida e que segue em anexo.
beijos"
"Cara gata pingada, Peço desculpa pela demora mas isto não está fácil. Só hoje arranjei tempo para escrever um novo post e tirar a foto que me foi pedida e que segue em anexo.
beijos"
Responde a Pingada:
Um beijo com o mesmo bom gosto das suas leituras e ampliado pela lupa que repousa em cima da mesa de cabeceira.
Volteiiiiiiiiiii!
Voltei Pingada! Já não estás sozinha neste mundo. Podes parar de dar no bagaço e no Xanax.
(Bons) livros que deram em filmes (Bons)
terça-feira, 9 de outubro de 2007
Livros de cabeceira da Maria Alexandra (Maryyyy)
Directamente de Oslo (porque há gajas com sorte que, para além de bonitas comó catano, ainda vão para países nórdicos cheias de louros irresistíveis) diz a Maria:
"O contexto é : pós-graduaçao de Saúde Pública internacional em Oslo, que me consome..., apontamentos e as legendas do "Everybody loves raymond" pra desanuviar.. que aqui nem televisao há!!!! É a decandencia ..."
sábado, 6 de outubro de 2007
Um autor a descobrir- António Lobo Antunes
Um amigo meu, o Daniel Sampaio, talvez o melhor psiquiatra português, costuma dizer que só os psicóticos são criadores. Você fala com um neurótico e são tipos que não são nada, que são chatos, repetitivos. Os psicóticos são espantosos, dizem frases espantosas, estou-me a lembrar de uma que era «aquele homem tem uma voz de sabonete embrulhado em papel furtacores». Isto é uma frase do caraças.
fonte: Expresso, 07.11.1992
fonte: Expresso, 07.11.1992
sexta-feira, 5 de outubro de 2007
Livros de cabeceira da Kitty
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Um bloguista a descobrir- RP
Ser humano
Se na entrada anterior achei que pouco tinha escrito, então muito menos tenho escrito desde então. São várias as razões que me levaram a deixar, por sua conta, este blog. Não o abandonei. Apenas, enquanto andava “por aí”, os meus caminhos não se cruzaram com ele. Vontade para que tal acontecesse não faltou. Mas apesar de um bom começo para alguma coisa, a vontade de algo, por si só, não serve de nada. Não é nada.
Por outro lado, quando associada a uma pessoa particularmente pouco apática, a vontade pode transformar-se numa num dos mais poderosos catalizadores da concretização humana.
Mas não é da vontade, por si só, que venho aqui falar hoje. É daquele pálido intermédio que está entre a vontade e a acção. Intermédio que pode ocorrer numa fracção de segundo, quase que inconsciente, como pode demorar horas, dias, anos até que algo aconteça. Se é que acontece. Falo, naturalmente, da decisão.
A decisão dota o decisor de responsabilidade. É ela que concretiza a vontade ou a remete para um limbo de “no passa nada”. Responsabilidade porque se fez ou porque se deixou de fazer. E tudo seria cor-de-rosa se apenas assim fosse. Com a decisão vem, normalmente o dilema.
O dilema prende-se (ou assim deveria ser) com a ponderação de razões e projecção consequências: da vontade, da decisão e da concretização.
O dilema assenta numa análise objectiva, ética, moral, conjugação destas, de outras, ou nenhuma delas.
E é aqui que pretendia chegar. Todos nós temos os chamados de “nossos momentos”. Situações em que, através de decisões, nos demarcamos dos nossos demais. Não precisam de ser grandes decisões, ou de grande importância. Precisam apenas de o ser e, ao sê-lo, perfilam a pessoa que as tomam.
E é essencialmente através delas que as pessoas nos julgam. Aquelas que lidam connosco, que por nós desenvolvem algum interesse (seja ele pessoal, profissional, etc.), perfilam-nos, consciente ou inconscientemente, pelo que fazemos, e não tanto pelo que e como o dizemos.
Para mim, antes dos outros, sou eu mesmo que me perfilo pelo que faço. E é pelo que acabo por fazer que me orgulho de mim mesmo. Ou, por outro lado, me envergonho aos olhos de todos e aos meus. E esta vergonha, antes de ser pelo julgamento de terceiros, é consequência de minha consciência.
A consciência tem um papel directo no processo de decisão. Ela, com voz forte ou sussurrante, tem razão na quase a totalidade das vezes.
E quando vamos contra o seu sábio concelho, temos a culpa, o desconforto, a vergonha, o vexame. Nem que seja, de nós para nós próprios.
Por vezes, estes sentimentos são diluídos por circunstâncias, por ocasiões, por medos, por sentimentos raiva ou desespero. Um conjunto de situações que nos fazem “minimizar o erro” e considera-lo como uma hipótese exequível e de pouca ou nenhuma consequência. Porque não se nota, porque não se vê, porque não se sabe ou simplesmente porque nos estamos nas tintas.
Mas o erro não é minimizado. Muito menos desaparece. E depois do erro, vem a mentira (e suas variantes sociais), que cobre a culpa como um leve e transparente véu, que faz com que tudo pareça como se nada tivesse acontecido. Mas, como todos, pode passar despercebido ao primeiro, ao segundo e até mesmo ao terceiro olhar despreocupado. Mas, mais cedo ao mais tarde, ele é descoberto e vai cair. E quando isso acontecer, a verdade vai mostrar o quadro como ele realmente foi pintado, mostrando as faces de Dorian Gray velhas, ressequidas, pálidas e quase mortas.
E por ter ficado assim, velho, cheio de rugas, em muitas situações na minha vida, que sei o quanto custa fazer “a coisa certa”. Seja porque deixamos o doce aroma da decisão errada nos ludibriar a consciência, seja porque um grito de dor, raiva e vingança nos ofusca a visão, seja por ambos ou nenhum deles. Seja porque razão for, eu sei o quão difícil é fazer a coisa certa. Ou melhor, não fazer a errada.
E à noite, quando me deito, e estou apenas comigo, com tudo o que fiz, o que não fiz e o que devia ter feito, eu tenho a certeza de por quem, um dia, os sinos vão dobrar.
Ricardo Pascoal in ... e vinho verde
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
A vida de Pi
Pi é um jovem que sobrevive a um naufrágio, conseguindo escapar para um bote salva vidas. Com ele estão uma zebra, um orangotango, uma hiena e um tigre de bengala chamado Richard Parker. Confusos?
Não estejam. A vida de Pi é um livro já com uns anitos, e que até ganhou o Man Booker Prize de 2001 se a memária não me falha.
É uma história de sobrevivência, mas eu que não sou lá grande fã do National Geographic, não vos ia vender uma história de sobrevivência qualquer!
A primeira parte do livro consiste na descrição da vida do jovem Pi na Índia, enquanto filho de um dono de um zoo. A partir do naufrágio, o livro leva uma volta de 180º, e a história foca-se na relação entre Pi e o Tigre Richard Parker. A história passa então a ser tão visceral e tão selvática, que parece que já não estamos a ler o mesmo livro. Há descrições pormenorizadas da vida a bordo do bote, do que Pi tem de fazer para beber, para comer, para não ser comido. E depois há a chegada de Pi e de Richard Parker a uma misteriosa ilha, que guarda um segredo mais horrendo do que a ilha do LOST (e menos chato, já agora).
A vida de Pi é um livro que choca. Diria até que não é para estomâgos mais sensíveis. Mas por incríve que pareça, e apesar de já o ter lido há uns bons anos, é daqueles livros de que ainda me lembro de quase todos os pormenores.
Já agora, vai ter adaptação cinematográfica, parece que pelo M. Night Shyamalan. Podíamos pedir melhor?
A vida de Pi
Autor: Yann Martel
Editora: Difel
Ano de edição: 2001
Preço (aproximado): 20 euros
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Um bloguista a descobrir- Confúcio Costa
Preferências
“Prefiro os homens aos gatos. Os gatos são insensíveis, parecem icebergs”, revela-me F., semblante sério, olhar cortado. Discordo. “Pela exacta mesma razão”, respondo quando me pergunta porquê.
Confúcio Costa in Intermitências da Corte
“Prefiro os homens aos gatos. Os gatos são insensíveis, parecem icebergs”, revela-me F., semblante sério, olhar cortado. Discordo. “Pela exacta mesma razão”, respondo quando me pergunta porquê.
Confúcio Costa in Intermitências da Corte
Desafio aos gatos e gatas deste Portugali
Comecemos pelos gatos deste cantinho: fotografem os livros que, neste momento, têm em cima da mesa de cabeceira. Agora os outros felinos da blogosfera: sigam- exactamente- o mesmo procedimento. E enviem-nos para gata.pingada@gmail.com
(*E não valem produções fotográficas. Queremos instantâneos, tá?)
O vício da leitura
Ler pode ser viciante. A base que sustenta esse comportamento- chamemos-lhe aditivo- é a mesma que nos leva a jogar "só mais uma partida" de paciência às tantas da manhã, em frente ao computador, quando o sono nos vence e o despertador madrugador nos faz espera; é a mesma que nos leva a deixar passar a estação de metro onde tínhamos que sair porque o maldito Sudoku nos entreve de tal maneira que não ouvimos o som das portas a abrir e a fechar.
Gosto de ler- assumo à boa maneira de um Miguel Esteves Cardoso (e o que importa não é assumir?). E leio tudo: livros, revistas, jornais, listas telefónicas, menus de restaurantes, outdoors publicitários, avisos, graffitys, letras de músicas: enfim- tudo.
E tenho até uma relação peculiar com as letras: não gosto de pontos de exclamação e reticências, gosto de pontos e vírgulas, gosto de sons palatares e não aguento a palavra "à rasca". Morro a rir com os "prontos" e o uso da segunda pessoa do plural em vez do emprego da segunda pessoa do singular (Pussy, filho, ouvistes?).
Ler pode ser viciante tanto quanto é- para mim- um vício. A escrita vem por acréscimo para tentar apanhar o comboio. Juntam-se a nós?
segunda-feira, 1 de outubro de 2007
Quadra popolari # 2
"Pussy, meu amor
Não há palavra mais doce
Tu querendo ou não
Gosto de ti e acabou-se"
Não há palavra mais doce
Tu querendo ou não
Gosto de ti e acabou-se"
Um bloguista a descobrir- Pedro Mexia
Homenagem ao prof. Machado Pais
À saída de um liceu lisboeta, um grupo anárquico de adolescentes atravessa anarquicamente a rua com o semáforo vermelho. Duas indignadas meninas (não muito mais velhas) comentam indignadamente e de imediato: «são mesmo a geração broche».
À saída de um liceu lisboeta, um grupo anárquico de adolescentes atravessa anarquicamente a rua com o semáforo vermelho. Duas indignadas meninas (não muito mais velhas) comentam indignadamente e de imediato: «são mesmo a geração broche».
(Pausa para meditação).
O que é (e notem que cito) a «geração broche»?Eu pentenço à «geração rasca», termo seminal da sociologia contemporânea, digna de um Georg Simmel. Mas «geração broche» nunca tinha ouvido. Será uma segunda vaga da «geração X»? Em vez de X um XXX? Espero uma monografia do prof. Machado Pais sobre o assunto.
Enquanto a monografia não chega, sempre digo que não creio que os adolescentes de agora pratiquem mais o acto latinista do que, digamos, a minha geração. Parece óbvio que eles têm mais sexo do que nós tínhamos (eis um plural fraudulento), mas não macredito que sejam mais sulistas e liberais. Como todas as pessoas que não tinham muito sexo V (e ainda menos sexo A), já éramos cidadãos dados ao sexo O (parecem tipos de sangue, e julgo que são). Mas talvez agora as pessoas se felacionem e se cunilinguem com uma facilidade inusitada, com a mesma naturalidade que tinha um «linguado» nos anos oitenta.
Talvez seja isso a «geração broche» cunhada pelas duas futuras assistentes no ISCTE.Que isto tenha surgido com uns miúdos que atravessam no vermelho é que me parece algo nebuloso.
Estes sociólogos são muito metafóricos.
Pedro Mexia in Estado Civil
domingo, 30 de setembro de 2007
O Lançamento do Livro # 1
Pois que sai uma gatita do seu local de labuta e dirige-se ao CCC que, para quem não sabe, é o selecto e elitíssimo Centro Cultural de Cascais, para assistir descansadita e de ânimo leve ao lançamento do livro de um velho amigo.
Pois que a pobre felina (coitada!) chega atrasada ao dito evento mas linda e maravilhosa com o seu vestidito esvoaçante e com um decote até ao umbigo e dá de caras com quem? Uma maravilhosa mesa composta pelo escritor de serviço, o Presidente da Câmara, a Vereadora da Cultura (e o seu ar enjoado que nem uma pescada!) e o Professor Marcelo Rebelo de Sousa- o próprio.
Pois que a gata quer passar despercebida (o que vem a ser difícil, com mamas por todo o lado a espreitar o decote) e o crido amigo escritor "alembra-se" de:
- Minha querida: deixa-me apresentar-te ao Professor Marcelo
Ups! Pois que ponho o meu sorriso mais encabulado, puxo o decote para cima e vai de espetar um beijo ao Marcelito. Pois que o Marcelito me retribui o beijo repenicado e afasta cara. Pois que a Gata Pingada de serviço fica dependurada à espera do segundo beijo quando, de repente: LUZ! Se apercebe que está em Cascais e que tem que interiorizar a personagem "tiazoca" e dar só um beijinho. Aiiiii!
Pois que a Gata Pingada se ri da gaffe (mas ri-se de boca fechada, saliente-se!), ao que o Professor responde:
- Que ar tão jovem! Que lufada de ar fresco! (O que não constitui, propriamente, um elogio, pois que a média de idades dos convivas rondava os 55 anos e estavam todos vestidos com rigor e classe a contrastar com o floreado da minha vestimenta)
Pois que a gatita murcha se afasta e engole em seco. Pois que o escritor de serviço (sádico!), não contente com a barracada, insiste e volta à carga:
- Já agora anda cá dar um beijinho ao Dr. António Capucho! (Pois que os sentidos da gata estavam, agora, alertas! Um beijinho: um, Gata Pingada da Silva!)
Pois que a bichana estende o focinho para espetar um beijo ao nosso digníssimo Presidente da Câmara e ... deixa o tio António pendurado! O homem esperava o segundo (talvez iludido pelo ar rafeiro da gata).
Mas ó humanos, vocês entendem-se? É que eu já estava dentro da personagem, tá? Que maldade.
Assim sendo, a Gata Pingada agarrou no livro autografado e raspou-se para o cocktail, encharcou-se de canapés e bebeu três copos de vinho de uma assentada só. E, posto isto, distribuiu sorrisos a toda a gente, que beijinhos... pois que não há para mais ninguém!
sábado, 29 de setembro de 2007
Um bloguista a descobrir- Professor Baltazar
As primeiras chuvas: fazem-me lembrar que, hoje e sempre, nem tudo aquilo que parece, na verdade, é. Há uma ideia primitiva, quase ilógica, que flasha o nosso interior quando nos lembramos das pessoas, e daquilo que elas, mesmo sem as conhecermos de mão para mão, podem representar para nós.
As primeiras chuvas. Com elas, quando olhamos para nós vemos os outros, que nos sabem talvez mais tristes, mais incertos, mais débeis, incapazes de fazer vergar, sobressaltados, o nosso esqueleto perante as coisas do mundo, sempre resistentes (e irresístiveis) ao corpo. Possamos estar sentados, fisicamente débeis perante o mundo, e o mundo de nós se vê nele: somos frágeis, o mundo é frágil. Somos nós e o mundo, e nós, de regresso a nós, de passagem pelas coisas.
O mundo sabe de nós como se soubesse dele, e acolhe-nos na inevitabilidade das suas reservas quentes, da sua concha profunda. As cidades aquecem-nos, diria Quasimodo. O nosso sabor é bom, um sabor de bondade.
Esquece-se, porém, o mundo que somos maus. Muitos maus. Que cuspimos Dante e Maquiavel. Que somos o mundo, que estamos feitos em mundo, que somos, repito, maus. Que somos hominídeos. Que somos de pau. De células. De cromossomas frios. De restos do que fomos. Que somos inevitalmente, irremediavelmente, implicitamente nós. Carne fresca. Que somos - e como é bom e fresco! - maus de mundo, em mundo, no mundo.
Professor Baltazar em http://www.asbihp.blogspot.com/
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
Quadra popolari # 1
"Menina que estás à janela
Estás vendo quem passa
Tens olhos de cadela:
- Vem comigo à caça!"
Estás vendo quem passa
Tens olhos de cadela:
- Vem comigo à caça!"
Um autor a descobrir- José Luis Peixoto
Mas a memória guarda-me o teu cheiro, as tuas mãos e o teu sorriso. Olho ao espelho e vejo o teu nariz. Olho para as mãos da mãe e vejo as tuas unhas. Estás em nós e eu estou em ti. Eu jamais seria eu sem a tua presença constante na minha vida. Comparência que eu gostaria de poder prolongar. Terás mesmo partido, avô? Mantenho a memória acesa com pedaços de imagens que me fazem sorrir. Os teus óculos de grilo que colocavas para ler faziam-me sempre rir. Com o teu corpo, apenas enterrei os últimos momentos agonizantes que passaste na cama fria e distante do hospital. Olho para a tua mesa de trabalho e sinto um vazio dilacerante. O teu diário e as tuas canetas ainda estão espalhados. Poderás ainda regressar? Não acredito que já não vou poder estar à tua beira enquanto constróis as tuas geringonças. Ora um banco, ora uma casota para o Piloto, ora um espantalho para a horta… Os meus bolsos estão sedentos dos teus chocolates e rebuçados. Já não refilas comigo por eu te mexer nas ferramentas e não as colocar no sítio. E das boleias que me davas para a escola? Gostava de te ter abraçado e enchido de beijos e te ter dito aos berros que te amava. Por que só me dei conta disto quando a morte te levou? No hospital, nos momentos mais lúcidos, perguntavas-nos: «amanhã estarei melhor?». E eu sem te poder responder, com uma espinho cravado na garganta e a boca seca. Sempre temeste a morte e agora ela levou-te sem dó nem complacência. Pela casa, ainda encontro papéis espalhados com a tua letra. Só a Ti não te vejo mais, nem às tuas expressões faciais de espanto, surpresa e curiosidade. Aquela covinha que fazias na bochecha esquerda e que eu tanto apreciava… E as tuas macaquices? Até na cama do hospital, num dos últimos dias, já com os olhos fechados, ainda fizeste uma macacada com a boca para nos rirmos. Tenho saudades do tempo que não passamos juntos e que eu gostaria de ter passado contigo.
Não acreditavas que o Homem foi à Lua. Agora chegaste finalmente lá.
(Nota da gata: E eu- com este homem- também ia à lua.)
Não acreditavas que o Homem foi à Lua. Agora chegaste finalmente lá.
(Nota da gata: E eu- com este homem- também ia à lua.)
Subscrever:
Mensagens (Atom)